O TDAH é um Diagnóstico da ‘Moda’?
Nos últimos anos, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) tem sido um tema frequente em discussões sobre saúde mental, especialmente quando se observa o aumento no número de diagnósticos feitos, tanto em crianças quanto em adultos. Com isso, surge uma pergunta comum: será que o TDAH é um diagnóstico da "moda"? Ou seja, será que estamos exagerando na identificação desse transtorno? Ou, em alguns casos, ele está sendo diagnosticado de forma inadequada?
O Que é o TDAH?
Antes de entrar nessa discussão, é importante entender o que é o TDAH. O TDAH é um transtorno neurobiológico caracterizado por sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade. Esses sintomas podem comprometer a qualidade de vida do indivíduo, afetando sua capacidade de focar nas tarefas, organizar atividades, controlar impulsos e manter o comportamento em situações sociais e profissionais. O TDAH pode ser diagnosticado desde a infância, mas também é cada vez mais reconhecido em adultos, uma vez que os sintomas podem persistir ao longo da vida.
O Aumento do Diagnóstico: Moda ou Realidade?
Nos últimos anos, muitos especialistas têm notado um aumento no número de diagnósticos de TDAH. Isso tem gerado diferentes opiniões. Algumas pessoas acreditam que o transtorno está sendo diagnosticado com maior frequência devido a uma maior conscientização sobre os sintomas, o que ajudaria a identificar aqueles que realmente precisam de ajuda. No entanto, há também quem argumente que, em alguns casos, o transtorno está sendo diagnosticado de forma excessiva, ou até mesmo incorreta, como parte de uma tendência social.
O que muitos não percebem é que o aumento do diagnóstico do TDAH pode estar relacionado a uma série de fatores. A maior conscientização sobre o transtorno, a evolução das ferramentas diagnósticas e a mudança no olhar sobre os comportamentos considerados "anormais" são elementos que contribuíram para essa "moda", mas não necessariamente indicam que o transtorno seja mais comum do que antigamente.
Fatores que Contribuem para o Diagnóstico Crescente
• Maior conscientização e reconhecimento: Hoje, existe uma maior compreensão sobre o TDAH e como ele pode impactar as pessoas em diversas áreas da vida. Isso, sem dúvida, ajudou muitas pessoas a buscar o diagnóstico, especialmente adultos que nunca foram diagnosticados na infância. O TDAH não é mais visto apenas como uma condição infantil, mas como um transtorno que pode afetar a vida adulta de maneira significativa.
• Mudanças na forma de avaliação: O diagnóstico de TDAH depende de uma avaliação detalhada, que considera os sintomas, o histórico médico e o impacto na vida do paciente. Com o avanço na formação de profissionais da saúde e a melhor capacitação para identificar o transtorno, mais pessoas estão recebendo o diagnóstico corretamente.
•Pressão social e acadêmica: O mundo moderno exige muita atenção e foco, especialmente com a crescente digitalização da vida. A pressão para se adaptar a uma vida agitada, com múltiplas distrações e cobranças, pode amplificar os sintomas do TDAH em indivíduos que já têm uma predisposição para o transtorno. Muitas vezes, o diagnóstico de TDAH é dado como uma forma de explicação para comportamentos que antes eram rotulados como preguiça, falta de disciplina ou desinteresse.
• Acessibilidade à informação: A crescente disseminação de informações sobre saúde mental por meio das mídias sociais e outros canais tem permitido que mais pessoas reconheçam os sintomas do TDAH em si mesmas ou em seus filhos. Isso pode levar a uma maior procura por diagnóstico, muitas vezes devido à autoconsciência ou ao desejo de entender melhor o comportamento.
Diagnóstico Adequado: Evitando a Super Diagnose
Embora o TDAH seja, sem dúvida, um transtorno real que afeta muitas pessoas, é importante que os diagnósticos sejam feitos de forma criteriosa. A preocupação com a "moda" do diagnóstico tem a ver com a possibilidade de superdiagnóstico – quando pessoas são diagnosticadas com TDAH sem que apresentem o transtorno de fato. Para evitar isso, é essencial que o diagnóstico seja feito por profissionais capacitados, após uma avaliação completa que exclua outras condições que possam ter sintomas semelhantes, como depressão, ansiedade, dificuldades de aprendizado, entre outras.
Além disso, é importante lembrar que o diagnóstico de TDAH não deve ser feito apenas com base em uma lista de sintomas, mas sim em um exame completo do comportamento da pessoa ao longo do tempo e em diferentes contextos. O diagnóstico correto é aquele que leva em consideração o impacto dos sintomas na vida diária do paciente, em sua capacidade de funcionar de maneira saudável e produtiva.
Conclusão: O TDAH Não é uma ‘Moda’, Mas Um Transtorno Real
Portanto, embora o TDAH esteja recebendo mais atenção nos dias de hoje, isso não significa que o transtorno seja uma "moda". Ao contrário, o aumento no número de diagnósticos está relacionado a uma maior conscientização e melhor compreensão do transtorno, bem como à evolução nas ferramentas de diagnóstico. No entanto, é fundamental que os diagnósticos sejam feitos de maneira cuidadosa e responsável, para evitar o risco de superdiagnóstico e garantir que as pessoas recebam o tratamento adequado.
Se você ou alguém próximo de você suspeita que tem TDAH, a melhor abordagem é procurar um profissional qualificado para uma avaliação detalhada e um diagnóstico preciso. O tratamento adequado pode fazer uma grande diferença na qualidade de vida, seja por meio de terapia comportamental, apoio psicopedagógico ou, em alguns casos, medicação.